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Apesar dos avanços tecnológicos e do discurso oficial de valorização da educação, o Brasil segue tropeçando em um dos pilares mais básicos do desenvolvimento: a alfabetização funcional. O mais recente Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) escancara a paralisia do governo federal no combate ao analfabetismo funcional: três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos ainda não conseguem interpretar frases simples ou resolver problemas básicos com números.
O dado mais alarmante é que o índice de 29% se mantém inalterado desde 2018 — uma estagnação que não pode ser atribuída apenas à pandemia. Pelo contrário, ela evidencia a ausência de políticas públicas eficazes e de investimentos estratégicos por parte do Ministério da Educação. Ainda mais preocupante é o aumento do analfabetismo funcional entre os jovens de 15 a 29 anos, que saltou de 14% para 16% entre 2018 e 2024. Em um mundo que exige cada vez mais competências cognitivas, esse crescimento é sintomático de um sistema que falha justamente com aqueles que deveriam estar mais bem preparados para o futuro.
Como explicar que 17% dos brasileiros que chegaram ao ensino médio não dominam sequer as habilidades básicas de leitura e cálculo? E que apenas um em cada quatro universitários atinge o nível de proficiência? Esses números desconstroem qualquer discurso triunfalista vindo de Brasília e revelam um MEC que, mesmo com orçamento bilionário, não consegue garantir o direito elementar à aprendizagem.
A falta de revisão curricular eficiente, a ausência de programas contínuos de formação de professores, a desvalorização do magistério e a precarização do ambiente escolar são apenas algumas das falhas estruturais ignoradas ou tratadas com superficialidade.
A nova edição do Inaf, com entrevistas feitas entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, representa mais do que uma fotografia: é um espelho incômodo que desafia o governo federal a sair da retórica e agir com coragem. A urgência é clara, mas até agora, as respostas do Ministério da Educação têm sido vagas, protocolares e distantes da realidade das salas de aula.
Enquanto isso, milhões de brasileiros seguem presos ao ciclo da exclusão silenciosa: sabem ler, mas não entendem; passam de ano, mas não aprendem. E isso, em pleno 2025, é inaceitável.